Ultimamente ando tendo tanto orgulho dos autores nacionais e das entrevistas que passei a adquirir apenas livros nacionais, além de ser uma forma de incentivá-los. Porque não são só os autores internacionais que sabem escrever, muito pelo contrário!
Trago-lhes mais uma entrevista, dessa vez com o Jorge Lourenço, autor de Rio 2054, que anda fazendo grande sucesso e que é mais uma demonstração dos talentos do projeto Escritores iniciantes!
Mais um livro que acaba de entrar para minha lista de desejados do Skoob, além da história parecer interessante me deixou ainda mais ansiosa por ser um livro distópico e, aparentemente, ter um toque de fantasia.
Sobre o escritor:
- Reside no Rio de Janeiro - RJ.
- Assina sua obra com seu próprio nome.
Jornalista e fã de ficção científica, JORGE
LOURENÇO já escreveu para o Jornal dos Sports, UOL e assinou a tradicional
coluna de política do Jornal do Brasil, o Informe JB. Nascido e criado no Morro
do Andaraí, cresceu com insônia e assistiu (até demais) filmes de ficção
científica no Corujão, quando TV a cabo não era tão acessível e a internet
engatinhava.
Estudou
no Colégio Pedro II e é fã de Gabriel Garcia Marquez, Haruki Murakami, games e
mangás. Um dia, não conseguiu se controlar; decidiu que precisava escrever um
livro. O resultado está aqui: o mundo partido entre asfalto e favela, onde
cresceu, serviu para dar vida à cidade de Rio 2054.
- Links de
páginas ou blogs para seguir:
Entrevista
1. Esta é sua primeira entrevista a algum blog?
Não. Por conta
do sucesso que Rio 2054 tem feito com o público, já dei entrevista para alguns
jornais – O Dia (RJ), Correio Braziliense (DF), A Gazeta (ES) – alguns sites e
blogs literários.
2.
Quando você teve a ideia de começar a escrever houve algum motivo especial para
isso, alguém da família que já escrevia ou te incentivava a ler, ou você só
queria colocar algumas ideias no papel? Conte-nos um pouco sobre sua
experiência.
Escrever sempre
foi bem natural para mim. Mesmo no primário, eu adorava escrever histórias, lia
e escrevia mais do que as crianças da minha idade. A ideia de escrever um livro
é antiga, vem desde os meus tempos de adolescência. Cheguei a escrever uma obra
épica de ficção científica quando tinha 16 anos. Mas era uma coisa mais
adolescente que deixei para trás, apesar da história ter alguns bons elementos.
Rio 2054 nasceu de várias coisas. Nasceu da
vontade de colocar no papel um pouco da exclusão social que já existe no Rio de
Janeiro e para a qual muita gente vira o rosto e de contar uma boa história de
ficção científica em território nacional. Desde que comecei minha carreira como
jornalista, o que me deu uma visão ainda mais crítica da sociedade e acesso aos
bastidores da política, essa vontade cresceu ainda mais.
3. Quantos livros você já escreveu e em geral quais temas você procurou abordar neles?
Escrevi
o livro “Rio 2054 – Os filhos da revolução”. O livro fala sobre o um Rio de
Janeiro distópico brutalmente dividido entre ricos e pobres anos depois de uma
guerra civil pelos royalties do petróleo. Nele, os leitores acompanham a
história pelos olhos de Miguel, um motoqueiro e catador de implantes que acaba
se tornando o centro de um jogo de intrigas entre as empresas que controlam a
cidade. Em paralelo a tudo isso, uma revolução começa a surgir na parte pobre
da cidade ao mesmo tempo em que uma mulher com poderes psíquicos surge nos
guetos.
Em
“Rio 2054”, minha ideia era levar aos leitores uma boa aventura de ficção
científica em solo nacional, uma história bem encaixada, com reviravoltas e uma
pitada de ação e crítica social. Pela repercussão positiva que ele vem tendo no
Skoob, acho que
alcancei esse objetivo.
Sinopse:
Rio de Janeiro, 2054. Três décadas após uma guerra civil que começou com a disputa pelos royalties do petróleo, a cidade se vê alvo de uma nova ameaça. Um velho jogo de intrigas e espionagem industrial entre as multinacionais que controlam a cidade ganha novos contornos quando uma perigosa jovem com poderes psíquicos surge nos guetos. Alheio a tudo isso, Miguel é um jovem sem grandes pretensões. Morador de uma região abandonada no pós-guerra, ele sobrevive catando restos de tecnologia e tem uma vida despreocupada. Sem saber o que o destino lhe reserva, ele é convidado para assistir a um duelo de motoqueiros e acaba se tornando o pivô de uma disputa que pode mudar o Rio para sempre. Num lugar onde o bem e mal se confundem, Miguel terá que desvendar os segredos de uma misteriosa inteligência artificial e, para proteger aqueles que ama, bater de frente com as poucas pessoas dispostas a salvar o que resta do Rio de Janeiro. Sem saber que lado escolher, caberá a ele decidir o futuro de uma cidade partida pela ganância.
4. Você se inspirou em algum outro autor, ou
autora, para escrever seus livros?
Não
tenho nenhuma inspiração direta, mas na literatura, minhas duas principais
referências são Haruki Murakami e Gabriel Garcia Marquez. Nenhum dos dois
escreve ficção científica, mas eles são os autores pelos quais tenho maior
devoção. Cada sentença deles é uma obra de arte. Não me canso de ler seus
livros. E não podia faltar, claro, o William Gibson, pai da ficção
científica cyberpunk e autor do maravilhoso Neuromancer.
5. Foi difícil até que você conseguisse achar
uma editora que publicasse seu livro? Como foi sua experiência com os
leitores e o retorno que você recebeu após tê-lo publicado?
Recebi
o convite de duas editoras para publicar “Rio 2054”, mas
preferi a Novo Século pelo reconhecimento que ela tem no mercado e a
possibilidade de estrear com um selo já popular com o público. Com os leitores,
minha experiência tem sido a melhor possível. Nos eventos literários, como na
Bienal e alguns outros dos quais participei, a recepção tem sido muito boa e a
aprovação no Skoob e no Goodreads mostra que eu fui pelo caminho certo. Agora
meu foco é sair um pouco da ficção científica, que é um gênero um pouco
renegado no Brasil, para apostar um pouco na fantasia urbana.
6. Enquanto criava seus personagens se inspirou
em algum conhecido, em suas características físicas ou psicológicas? Estou
curiosa, aposto que os leitores também, para saber se você tem algum cast
em mente para os personagens.
Pessoas
próximas, como amigos e familiares, servem de inspiração sim. Alguns dos meus
personagens principais são levemente baseados em amigos e familiares meus.
Observando trejeitos e particularidades de algumas pessoas, você consegue
captar detalhes que dão vida a um personagem. Pode ser a mania de um chefe seu,
o jeito de falar de determinado familiar, as ideias estranhas que um amigo seu
tem. São coisas como essas que dão vida a um personagem.
7. Está com algum projeto novo em andamento?
Sim, estou
escrevendo um livro de fantasia urbana com uma temática mais dark. Novamente,
ele vai se passar no Rio de Janeiro, mas dessa vez a ficção científica vai dar
lugar a anjos caídos e vampiros. Por enquanto, ainda não tem título.
*Recado do Jorge Lourenço para os outros escritores...
Nunca parem de
escrever. Escrever é um exercício e, como qualquer exercício, você melhora nele
a partir da prática. Leia, escreva, revise e, acima de tudo, aceite críticas.
Por ser jornalista, tenho a sorte de trabalhar profissionalmente com produção
textual de alto nível, o que me dá bastante facilidade para escrever. Mas nem
todos têm essa oportunidade, por isso é fundamental treinar e saber reconhecer
suas limitações. Já vi boas obras de escritores criativos naufragarem por conta
de escrita ruim e críticas ignoradas. Ao mesmo tempo, já vi escritores
melhorando MUITO a qualidade dos seus textos a partir de críticas alheias.
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